[...] Se queremos que nossa vida tenha realmente sentido e plenitude, como vocês mesmos desejam e merecem, digo a cada um e a cada uma de vocês: BOTE FÉ e a vida terá um sabor novo, terá uma bússola que indica a direção; BOTE ESPERANÇA e todos os seus dias serão iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas luminoso; BOTE AMOR e a sua existência será como uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho será alegre, porque encontrará muitos amigos que caminham com você. BOTE FÉ, BOTE ESPERANÇA, BOTE AMOR! [...]
—Papa Francisco, 5/07/2013, Praia de Copacabana, Brasil.

Papa Francisco em defesa do meio ambiente

“As pessoas veem o papa como um mensageiro altamente confiável, respeitado e admirado, que está transmitindo uma mensagem clara de que o aquecimento global é uma ameaça grave”,
O papa Francisco  escolheu a ilha de Lampedusa, na Itália, um dos ícones da migração clandestina rumo à Europa, para sua primeira viagem apostólica, num manifesto contra a “globalização da indiferença” diante do drama da imigração ilegal. 

Decidiu ainda dedicar sua primeira encíclica própria (a anterior, Lumen Fidei, de 2013, foi em boa parte redigida por Bento XVI) ao meio ambiente e à necessidade premente de defendê-lo.

Essa é uma preocupação antiga do papa Francisco, que considera “a custódia da criação e a ecologia” um dos maiores desafios da humanidade. Sua visão de ecologia vai além do costumeiro viés ambiental e dialoga com outras áreas, como economia e sociedade.

“Essa encíclica está dirigida a todos que possam receber sua mensagem e crescer na responsabilidade para a casa comum que Deus nos confiou”, antecipou o pontífice ao falar sobre a obra à agência EFE em 14 de junho, dias antes do seu lançamento.
Com 191 páginas, o documento papal, denominado Laudato Si (“Louvado Seja”, frase inicial do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, escrito em 1225), começou a ser produzido em 2013 e foi divulgado oficialmente em 18 de junho. Entre os colaboradores que contribuíram para o resultado final estão o teólogo Leonardo Boff, o bispo d. Erwin Kräutler, da prelazia do Xingu, o cardeal ganense Peter Turkson e os teólogos argentinos Carlos María Galli e Víctor Fernández.
Um dos capítulos da obra, “Diá­logo sobre o Ambiente na Política Internacional”, ganha uma importância multiplicada num momento em que os líderes do G7, o grupo dos países mais industrializados do mundo, se comprometem a, até 2100, abdicar do uso dos combustíveis fósseis. No texto, Francisco diz que é preciso firmar urgentemente acordos internacionais para “estabelecer percursos negociados a fim de evitar catástrofes ambientais que acabam por prejudicar a todos”.
A encíclica certamente porá pressão nos países reunidos na COP21, a conferência da ONU sobre o clima marcada para dezembro, em Paris. A COP21 tem o compromisso de estabelecer um substituto para o Protocolo de Kyoto, de 1997, que buscava definir limites para a emissão de gases do efeito estufa.
Exatamente por isso, vários cientistas – em geral, uma comunidade indiferente ou até hostil em relação às religiões – elogiaram a posição de Francisco que diga-se de passagem é formado em química. Há informações de que, mesmo antes do lançamento da encíclica, seu texto já era debatido em universidades como Harvard, Yale e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA), três das mais importantes instituições de ensino superior do mundo.

“As pessoas veem o papa como um mensageiro altamente confiável, respeitado e admirado, que está transmitindo uma mensagem clara de que o aquecimento global é uma ameaça grave”, analisa Anthony Leiserowitz, diretor do Projeto de Yale em Comunicação sobre Mudanças Climáticas.